Existem alguns obreiros (que se dizem instrutores religiosos), contrariando a Obra Social da igreja, e ainda querem se passar por pastores.
Os tais não são bem-aventurados diante de Deus, pois com esta contrariedade declaram que não têm fome, nem sede de justiça.
A Assistência Social é reputada como uma das maiores obras de justiça diante de Deus, conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre (II Co 9. 9). E:
Sl 37. 21: O justo compadece-se e dá.
Sl 112. 4: O justo é piedoso e misericordioso
Pv 21. 26: O justo dá e nada retém
Em Atos 10. 4, o anjo disse a Cornélio: As tuas esmolas e as tuas orações têm chegado para memória diante de Deus.
E nos versículos 34 e 35, do mesmo capítulo, Pedro, tomado pelo Espírito Santo, define os feitos de Cornélio como sendo obras de justiça:
E, abrindo Pedro a boca, disse:
Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.
Jesus, em Lucas 14. 12-13, instrui o povo a quando oferecer um jantar ou uma ceia, convidar os pobres e demais necessitados; o que no versículo 14 Ele declara ser obra de justiça, dizendo:
Eles não têm com que te recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos.
Como uma obra de justiça, podemos afirmar que o amor (caridade) faz parte integrante da nossa preparação para subirmos ao encontro de Cristo e entrada no Reino dos Céus.
Na revelação do apóstolo São João, Ap 19. 6-9, foi lhe expressado que a Igreja (a Noiva de Cristo) ao estar preparada para o arrebatamento (para o toque da última trombeta) se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, porque o linho fino são as justiças dos santos.
Jó sentiu-se seguro quando lembrou-se de sua justiça que praticara para com seus necessitados. Expressou-se no capítulo 29. 12-16, que com isto agradara a Deus.
Ali ele diz que livrara o miserável que clamava, era o olho do cego, os pés do coxo, dos necessitados era o pai, e fazia com que rejubilasse o coração da viúva.
Fazendo assim, podia dizer o que disse no verso 14: Cobria-me de justiça, e ela me servia de vestido.
Esta é a posição que a igreja deve tomar: socorrer os necessitados, para que sua vestidura espiritual fique sem mácula; o que também é a razão da expressão de Tiago 1. 27:
A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta:
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e livrar-se da concupiscência deste mundo.
Esta é uma das formas que prepara a igreja em justiça diante de Deus, para ouvir o toque da última trombeta e a chamada de Jesus Cristo, Mt 25. 34-40:
Vinde benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede, e me deste de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
No versículo 37 Jesus confirma ser uma obra de justiça, dizendo: Então os justos lhe responderão dizendo: Quando te fizemos tudo isto? A resposta vem no versículo 40:
Quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
A prática da Obra Social sempre foi uma das principais obras do Evangelho. Além de tudo, este amor (caridade) tem que ser pura e sem fingimento.
Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que o fim do mandamento é o amor (caridade) de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida (I Tm 1.5).
Isto quer dizer: fazer tudo, sem buscar os nossos próprios interesses, sem levar em conta o que a pessoa favorecida pode ou não fazer em nosso favor.
A recompensa virá do alto:
“Eles não tem com que te recompensar, mas recompensado te será na ressurreição dos justos”, disse Jesus (Lc 14. 14); confira Lc 6. 35; Gl 6. 9.
Por isto, Paulo escreve a sua Primeira Epístola aos Coríntios 13. 3, dizendo:
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e não tivesse caridade, nada disto me aproveitaria, e no verso 5 diz que o amor (caridade) não busca os seus próprios interesses.
Encontramos a mesma expressão em Lv 25. 37, dizendo:
Não lhes darás teu dinheiro por usura, nem darás o teu manjar por interesse. Veja Rm 12. 8.
É lamentável a existência de igrejas com membros necessitados, sem serem socorridos. Infelizmente, tal obra não está no interesse de seus obreiros.
Importa-me lá desta natureza prova falta de amor (caridade), falta de espiritualidade e competência para realizar a obra de Deus (Pv 21. 13).
O obreiro jamais poderá alcançar êxito diante de Deus sem que haja nele um verdadeiro espírito de amor (caridade), Hb 13. 1-3.
Porém estes que só são pastores na aparência se decepcionarão no dia do juízo, dizendo: Mas não profetizamos nós em teu nome?
E em teu nome não expulsamos demônios?
E em teu nome não fizemos maravilhas?
O Senhor lhes dirá então abertamente:
Nunca vos conheci (Mt 7. 22-23).
Confira ainda Jeremias 5. 27-31.
Muitos perguntam: “por que a prática do amor (caridade) possui tanta virtude espiritual, a ponto de influir na própria salvação?”
É fácil explicar; e para isto comecemos entendendo o que disse o apóstolo Pedro: O amor (caridade) cobrirá multidão de pecados ( I Pe 4. 8-10 ).
Pedro entendendo que a falta de caridade gera pecado, afirmou que com a prática dela será evitada multidão de pecados, ou seja, deixará de ser cometida multidão de pecados.
Tiago, na sua epístola universal, é bem claro sobre a questão, ao dizer:
Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg 4. 17).
Depois podemos afirmar que o cristianismo, corretamente compreendido, é a ciência do amor.
É impossível aceitar a Cristo sem a presença do verdadeiro amor.
Por isto, o espírito de caridade acompanha o cristão, automaticamente.
Não existe verdadeiro cristão sem o verdadeiro amor.
E esse amor tem que ser colocado em prática, pois está escrito:
Não ameis em palavras, mas por obra e em verdade (1 Jo 3.18)
O verdadeiro cristão tem o Espírito Santo, e por isto é, obviamente, dotado de caridade; pois está escrito que o fruto do Espírito é:
“amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5. 22).
Em I João, 4. 16, diz que Deus é amor (caridade), e quem está em amor (caridade) está em Deus, e Deus nele.
Muitos têm questionado: “Ora, para que em mim haja amor de Deus, não preciso auxiliar na fome, na sede, na enfermidade ou em qualquer outra necessidade de alguém, pois isto eu já tenho no coração”.
Pois bem, se alguém tem amor no coração, se compadece de quem passa por necessidade, e não pode ajudar, está tudo bem; mas se pode e não ajuda, nele não existe amor de Deus.
A Bíblia é clara ao afirmar: “Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como há nele amor de Deus?”
( I Jo 3. 17 ).
Está escrito: Amar a Deus sobre todas as coisas. Pois bem; se víssemos Deus com fome, com sede, enfermo ou com qualquer outra necessidade, prestaríamos atendimento a Ele?
Claro que sim, faríamos isto de imediato! Agora vem uma pergunta: faríamos isto por amor, ou por egoismo?...
Não seria unicamente por interesse próprio?...
Visando somente retorno, e não suprir a necessidade de Deus (ainda que Deus não necessita de nada)?...
Não seria somente buscando proveito em Deus por sabermos que Ele tem poder para nos retribuir?...
Porque se não fizermos o mesmo pelo nosso irmão, está provado que seria puro egoismo. Porque a mesma Bíblia que diz para amar a Deus, também diz para amar o próximo, o nosso irmão.
Por que para Deus faríamos tudo, mas para o nosso irmão, nada? Não sabemos que fazer para o nosso irmão é o mesmo que fazer para Deus, e deixar de fazer para o nosso irmão é o mesmo que deixar de fazer para Deus?
É fazendo pelo próximo que realizamos o nosso amor a Deus.
É amando o próximo que Deus se sente amado por nós. É servindo o próximo que Deus se sente servido por nós. Quer realizar algo a Deus, faça pelo próximo. O nosso amor a Deus se realiza na pessoa do próximo.
É fazendo pelo próximo que fazemos para Deus.
É deixando de fazer pelo próximo que deixamos de fazer para Deus.
Jesus deu prova desta realidade, ao deixar bem claro que, no grande julgamento, ao condenar alguém por falta de amor (caridade), dirá:
todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, a mim o deixastes.
E ao dar as boas-vindas ao Reino dos céus pela realização de caridade, dirá: Todas as vezes que fizestes a um destes pequeninos, a mim o fizestes. ( Mt 25.34-45).
Para mais confirmação deste esclarecimento devemos lembrar que, ao pregar a entrada no Reino dos Céus, João Batista chamava a atenção do povo para a prática da caridade, dizendo:
Toda árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.
E a multidão o interrogava a respeito deste fruto, dizendo: Que faremos, pois? Noutras palavras:
que fruto é esse? Então respondendo ele, disse-lhes:
Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem, e quem tiver alimentos faça da mesma maneira (Lc 3. 9-11).
Então, amados irmãos, está mais do que provado, à luz das Escrituras Sagradas, que a assistência aos necessitados é uma determinação divina, e que o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio
(Gl 5. 22).
Por esta gloriosa razão a igreja primitiva investia a maior parte de sua arrecadação em “Assistência Social” (na realização do amor).
Paz seja com todos!
JC de Araújo Jorge
Paz seja com todos!
JC de Araújo Jorge
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